Agonizando
"O que, antigamente, foi fonte de júbilo e de lamento deve agora tornar-se fonte de reconhecimento".

[Jacob Burckhardt]

Agonías sofre em Brasília-DF
agonias_feitosa@hehe.com

Evandro sofre em São Paulo-SP
vates@uol.com.br






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Sábado, Agosto 31, 2002

<Evandro> 

Minha homenagem de hoje vai para o Alvaro Velloso. Muito antes de toda essa onda de blogs, ele já postava mensagens instigantes em seu site. Sinto saudades enormes de seus ensaios em O Indivíduo. Não sei por que parou de escrevê-los. Talvez porque tenham ficado tão bons que devam ser publicados em algum lugar mais "visível" que a Internet! De qualquer forma, quem quiser conferir seus escritos - altamente recomendáveis - pode ir aos seus arquivos no site já citado.
</Evandro> <!--12:17 PM-->

Sexta-feira, Agosto 30, 2002

<Evandro> 

Hoje bateu um desespero daqueles sem solução. Só esperando passar. Então eu disse pra mim mesmo: "não se preocupe não, depois volta"! Minha vida está em um estado-limite de entropia. Vai explodir daqui a pouco. E o pior é que quando explodir eu vou ficar feliz. Vai ser melhor do que essa bolha que vai crescendo crescendo crescendo e nunca se arrebenta. Se eu explodir, vou ver se consigo vender meus pedaços em um açougue. Talvez dê algum dinheiro. Aí, com o dinheiro, vou fazer tudo aquilo que eu quero fazer e não posso. Mas, pensando melhor, o problema não é o dinheiro, porque há coisas que eu quero fazer e posso fazer, mas ao mesmo tempo não posso. Poderia... mas, pensando melhor, não posso.
</Evandro> <!--6:09 PM-->

<Evandro> 

A coisa está feia.
</Evandro> <!--5:58 PM-->

<Evandro> 

É reconfortante ver uma pessoa que aprende com suas vivências, sem medo de voltar atrás nas suas convicções e até lutar contra as mentiras nas quais um dia acreditou.

O Miguel Reale é um bom exemplo disso. Seu livro "Introdução à Filosofia" - aliás indicado também para quem acha que já se introduziu à filosofia - começa por uma crítica ao positivismo e ao neopositivismo. Por que ele faz isso? Porque o positivismo marcou sua vida. Ele foi integralista quando jovem e acreditou no positivismo. E depois que percebeu as falhas dessa teoria, criticá-la profundamente passou a ser uma obrigação para ele, mesmo em um livro de introdução à filosofia.

No livro, após definir brevemente o que é filosofia, Reale apresenta a definição desta para os positivistas: uma "enciclopédia das ciências". Para os positivistas, a filosofia não passaria de uma visão geral das ciências, uma espécie de reunião quantitativa de todas elas em uma unidade, um compêndio das ciências. O filósofo seria apenas uma pessoa que conhece todas as ciências e estabelece relações entre elas, sem criticá-las.

Para os neopositivistas a filosofia é uma "teoria metodológico-linguística das ciências". A ela não caberia lançar problemas e enunciados, mas apenas verificar com rigor lógico a validade dos enunciados das ciências, enunciados estes retirados dos fatos, por verificação empírica.

E Reale faz a crítica dessas concepções e mostra seu absurdo. E, a partir daí começa a delinear todo o corpo da filosofia como ciência. Ele transpõe sua trajetória de vida para o livro. Isso é admirável, porque você vê no livro algo de humano, algo que transcende aquela frieza técnica de um livro didático. Você vê no livro as dúvidas e descobertas que o filósofo foi vivenciando ao longo da vida. E, sem querer, você aprende também a filosofar.

Quem lê um livro desses não se deixa enganar pelos erros de figuras consideradas quase semi-deuses em nossas universidades, como Wittgenstein, só para citar um.
</Evandro> <!--1:16 AM-->

Quinta-feira, Agosto 29, 2002

<Evandro> 

Mais divulgação:

Perplexos

</Evandro> <!--10:19 PM-->

<Evandro> 

Ontem, na faculdade, vi um cartaz do encontro "Grito dos Excluídos", que vai acontecer aqui em BH. O cartaz consiste numa foto publicitária bem produzida, que "retrata" o seguinte. Um empresário segura uma maleta preta (você só vê a maleta e as duas mãos) do interior da qual sai uma bandeira do Brasil. A bandeira está meio presa, já que a maleta está fechada. Do outro lado, quatro mãos de negros puxam a bandeira, mas o empresário luta, puxando também. O slogan é algo como "Soberania não se negocia".
</Evandro> <!--1:58 PM-->

Terça-feira, Agosto 27, 2002

<Evandro> 

Eu queria sempre selecionar uma "pérola da semana", um exemplo da "bobajada" acadêmica, multiculturalista ou sei lá que nome dar a isso. Aliás acho que é preciso criar um nome para a homogeneidade acadêmica de hoje, mas como ela atinge TODOS os setores da cultura, e não só a promoção de eventos, fica bastante difícil.
Mas, como eu ia dizendo, queria sempre selecionar a pérola da semana. Só que é difícil achar algo surpreendente entre essa besteirada toda. Então, vou comentar assim mesmo, como se fosse curioso. Assim talvez alguém se surpreenda, já que eu não consigo mais.

Pérola da semana (saiu na Caros Amigos)

Hip Hop e Política

O 1º Encontro Sul-Americano/Caribe, organizado pelo Laboratório de Estudos Contemporâneos (Labore) e pelo Conservatório Brasileiro de Música. O encontro contará com concertos de rap, apresentações de grafite e dança de rua. Os interessados em participar do encontro, devem enviar um estudo sobre o tema: Hip Hop e política - ou pode ser classificada nos subtemas como Juventude, Violência e Cidadania; Guerras e Conflitos na Cidade; Polícia, Prisões, Exclusão, etc.


Preste atenção: Conservatório Brasileiro de Música. Não é a Sony Music ou a EMI não. É o Conservatório Brasileiro de Música! Aquele lugar onde as pessoas costumam ir para aprender música. Ou melhor, costumavam.

Hilariantes também são os temas nos quais deve se encaixar o estudo a ser enviado. Todos pré-moldados para direcionar a pesquisa e restringí-la aos moldes politicamente corretos e coletivistas.

O impagável, entretanto, é o e-mail de contato: hibridos@uerj.br. Sabe quando uma criança aprende um nome novo e fica usando ele como se ele fosse sensacional? Pois é, os intelectuaizinhos acadêmicos "descobriram", depois de milênios de história da humanidade, que - pasmem! - existem culturas que se formam a partir do encontro de duas ou mais culturas!!! Meu Deus, como eles são inteligentes e perspicazes! E deram a isso o nome de culturas híbridas (deve ser por causa daquela palavrinha legal que ouvíamos nas aulas de biologia do segundo grau). Então agora é só híbrido pra lá, híbrido pra cá, uma festa, um samba do criolo doido. E o e-mail foi criado por isso, pra usar uma palavrinha legal. E deve haver um departamento qualquer com esse nome também. Não duvide.
</Evandro> <!--8:36 AM-->

Segunda-feira, Agosto 26, 2002

<Evandro> 

"(...) el soslayo de la comprensión impide los actos de intelección exigidos por las situaciones concretas. De ello se siguen políticas estúpidas y cursos de acción ineptos. La situación se deteriora y exige nuevos actos de intelección; mas como éstos han sido impedidos, las políticas son cada vez más estúpidas y la acción más inepta. Y lo que es peor, la situación en trance de deterioro parece proporcionar a la mente acrítica y aberrante evidencia fáctica, en la cual se pretende haber verificado la aberración. Así, en una medida siempre creciente, la inteligencia viene a ser considerada irrelevante para la vida práctica. La actividad humana se apoltrona en una rutina decadente, y la iniciativa acaba por ser el privilegio de la violencia".

(Bernard Lonergan, "Insight. Estudio sobre la comprensión humana"). Negrito meu.


</Evandro> <!--6:14 PM-->

<Agonias> 

Eu só vou contar uma experiência pessoal interessante:

Eu tenho um colega de profissão que também dá aulas de "filosofia" em uma escola pública. Nós temos um grupo musical, do qual três membros são negros ou quase e dois são brancos. O problema é o seguinte: esse meu colega (ele é negro) vê preconceito em tudo; então se estamos ensaiando e alguém reclama que ele não está tocando sua parte direito, ele faz questão de insinuar que é preconceito, e aos poucos a gente acaba deixando ele tocar da maneira que ele quiser (vale lembrar que dos cinco ele é de longe o mais inexperiente).
O mais curioso é que se tirarmos o cara do grupo, é capaz de sermos chamados de fascistas ou coisa pior. Eu não tenho nada contra o cara, é uma boa pessoa, mas essa neurose dele vai me fazer desmanchar o grupo, infelizmente.
</Agonias> <!--3:35 PM-->

Domingo, Agosto 25, 2002

<Evandro> 

"Entre o homem que sabe e o que não sabe, dizia Montaigne, há mais diferença do que entre um homem e um ganso. Quem quer que tenha algum conhecimento do que foi a educação nos séculos antigos não pode deixar de sentir-se deprimido até às lágrimas ao contemplar hoje a multidão dos gansos que falam. E como falam!"

(Olavo de Carvalho)

</Evandro> <!--6:04 PM-->

<Evandro> 

A mentira tem pernas curtas? Ha ha ha. Isso é pura desinformação.
</Evandro> <!--4:24 PM-->

<Evandro> 

Frase que saiu no blog do Fabio Danesi e que resume e/ ou complementa o meu último comentário: "Os mais loucos trabalham com psiquiatria. Os mais mal informados com jornalismo. Os mais canalhas com direito. Alguma coisa está errada".
</Evandro> <!--3:30 PM-->

<Evandro> 

Depois que eu li o recém-lançado último número do Mídia sem Máscara, mudei de idéia e comecei a pensar que talvez também nós, aqui nesse blog, devamos colecionar, nas janelas de comentários, exemplos da existência daquele tipo de mentalidade tacanha de que aquela publicação tem sido "vítima". O "vítima" vai entre aspas porque é no sentido cristão do termo, ou seja, é a própria essência da existência. O sentido de existir daquela publicação é justamente esse: ser vítima hoje para ser gloriosa no futuro. A única maneira de se abrirem os olhos daqueles que se negam a fazê-lo é ter fé em algo exterior a tudo, algo que está fora desse mundo. Estou falando como um convertido, sem sê-lo. Bem, acho que isso é fatal hoje em dia. Posso dizer que estou começando a entender no que consiste a fé, mas sinto um mal estar enorme quando participo daqueles rituais que se passam dentro de uma igreja. Talvez por saber que a imensa maioria daquelas pessoas - incluindo o padre, isso é o mais triste - "não sabem o que fazem", no sentido da frase que Jesus pronunciou na cruz. Mas talvez seja justamente esse o requisito para ser perdoado: não saber o que se está fazendo.

Pior é aquele a quem o caminho é mostrado e ele torce o nariz e não se dá ao trabalho nem de verificar se o caminho pode ser o certo. E pior ainda é aquele que sabe que faz o mal.

Mas voltando ao assunto do Mídia sem Máscara, achei graça em um sujeito que, ao ouvir a editora dizer que o site não vai aceitar publicidade, disse que ele está fadado a sumir logo logo. Um sujeito desses não tem a mínima idéia do poder da verdade. Ele não tem a mínima idéia da quantidade de pessoas que escreve de graça hoje no Brasil e no mundo só para dar sua parcela de contribuição ao bem da humanidade.

O mais triste é que as pessoas no Brasil concebem o voluntariado nas ações sociais de ajuda às pessoas carentes, mas não concebem essa outra forma de voluntariado que é escrever contra a intelectualidade reinante. Considera-se a coisa mais normal do mundo um sujeito sair de sua casa, digamos, 2 horas por dia, para ir a uma favela ajudar os pobres, correndo risco de tomar um tiro e andando quilômetros e quilômetros subindo escadinhas de barro. Tudo isso de graça, sem receber nada. E, ao mesmo tempo, considera-se inconcebível o sujeito escrever uma coluna de graça: gastar 3 horas por semana para escrever um texto em contribuição a um jornal que quer ampliar o campo de possibilidades teóricas do debate público brasileiro, inacreditavelmente limitado a ações afirmativas, planos sociais governamentais de oposição ou não, e ONGs ecológicas.

Eu respeito muito o sujeito que sobe na favela para ajudar os pobres. Mas acho que isso hoje em dia é até meio fácil, pois quem faz isso é visto como herói bonzinho. Só isso pra mim já é prova de que algo está errado, é prova de que a solução para o problema deve estar em outro lugar. Digo isso porque, senão por outros meios, ao menos pelo estudo da história da humanidade podemos ver que aqueles que "tocam na ferida" não são admirados e cortejados em sua época, mas odiados pela maioria.

Só escrevi isso tudo para mostrar que um jornalista que acha que precisa necessariamente ganhar dinheiro com tudo que escreve é muito "sem-noção". Lógico, temos que ganhar nosso pão. Mas se hoje não o ganhamos, não é por culpa do "mercado", do neoliberalismo ou das grandes empresas. É simplesmente porque trabalhar em uma empresa hoje é um verdadeiro exercício de estupidez. É seguir uma série de regras sem sentido, resultantes de um conjunto extremamente complexo de fatores, todos eles resultantes de um só problema: o coletivismo. Escrever em um jornal, então, acho que esse é um dos maiores exercícios de perda da individualidade que se podem realizar. Você não escreve uma só linha do que pensa e não pode usar nem ao menos o seu estilo de escrita, nem que seja para dizer aquilo que não pensa. E isso não é porque o jornal precisa vender. Ou melhor, é e não é. O jornal realmente precisa vender. Mas se, para vender, ele precisa se estupidificar, é porque a mentalidade geral está estupidificada. É porque o leitor só compra o jornal se este trouxer o mesmo discursinho esquerdista cidadão de sempre.
</Evandro> <!--3:23 PM-->

<Evandro> 

Divulgação:

Policamente Incorreto

Astrologia Tradicional

O primeiro é hilário. Daquelas reflexões que te levam a rir pra não chorar de nossa situação nesse país e nesse mundo.

O segundo traz, enfim, alguns pequenos recursos pra quem não pode viajar pra assistir ao curso de Astrologia do Luiz de Carvalho, que me parece ser um dos poucos sérios sobre o tema, senão o único, no Brasil. E ele se oferece a ir à sua cidade, caso haja um número suficiente de pessoas interessadas no curso.
</Evandro> <!--11:27 AM-->

<Evandro> 

Como se pode explicar que um indivíduo tire a mesma quantidade de prazer de uma cantata de Bach e de um chopp fabricado artesanalmente?
</Evandro> <!--11:19 AM-->

<Evandro> 

Não há mais cadernos culturais nos grandes jornais do Brasil. Cheguei a essa conclusão após longo tempo em que exercitei uma vã esperança de encontrar algum que mantivesse um mínimo de constância na qualidade das matérias. Mas não há nenhum. Bons ensaios, apenas esporadicamente, no máximo um por mês.

Se abro o Mais!, encontro o tal do Schwarz tentando traçar a identidade nacional através de uma complicada hermenêutica da obra de algum poeta. Mais ou menos como tentar chegar à Argentina de navio, "atalhando" pela Europa.

Se abro O Globo, vejo resenhas de livros marxistas e a curiosa coluna de Wilson Martins, um sujeito cultíssimo, que escreve há sei lá quanto tempo, mas que parece exercitar uma espécie de arte da neutralidade, em todos os sentidos. Quase irritante.

E no Estado de S. Paulo de ontem, havia uma matéria sobre O Senhor dos Anéis. Tudo bem que era sobre uma biografia recém lançada de J. R. R. Tolkien, portanto não tinha maiores pretensões de analisar a trilogia ou o filme. Mesmo assim, não é preciso muita inteligência pra perceber a inacreditável superficialidade e "sem-graceza" (adoro essa expressão!) da matéria. Esse pessoal acha que o leitor é burro. Só pode ser isso. Quem lê a matéria fica achando que a trilogia de Tolkien é uma espécie de best-seller um pouco mais bem-escrito que a média e que, por isso, causa a ilusão de que é literatura. E o filme? Mais uma produçãozinha hollywoodiana boba.

Aliás, com exceção do Martim Vasques, não vi mais ninguém falando da trilogia com seriedade no Brasil. Li vários artigos em inglês, quase todos muito bons. Mas o jornalismo cultural brasileiro parece estar totalmente dominado por uma espécie de indivíduo que escreve sobre encomenda e baseado numa técnica bem específica. O sujeito apenas recolhe umas tantas informações na Internet sobre o livro ou filme e procura montar um texto "atraente" com elas. "Atraente" é um texto que segue as regras do manual do jornal, tais como uma introdução básica, um desenvolvimento com algumas paradas para "instigar" o leitor com perguntas como "o que fez um livro como esse vender tanto?", ou "o que está por trás dessa história?". As respostas são tão bobas quanto as perguntas, e no final o leitor sai com a impressão de que sabe tudo sobre O Senhor do Anéis, sem ter queimado nenhum neurônio para isso. Maravilhoso, não é mesmo? Puro dumbing down, como diria o Sérgio Augusto.

Diante do marasmo dos jornais, a solução mais usualmente adotada pelos "mais cultos" ou mais cults é comprar o que costumo chamar de revistas de livraria (aquelas que não se vendem em bancas), recheadas de ensaios ultra-acadêmicos e ultra-chatos sobre o último livro de algum escritor genial formado em letras pela USP e que não encontra editora para publicar seus livros. Ah, e existe a Cult também, que publica reportagens sobre as eternas figuras do mainstream cultural. A última edição traz na capa o Wittgenstein, o Ferreira Gullar e o Loyola Brandão. Mais previsível, IMPOSSÍVEL. E a Bravo! ainda vale a pena, apesar dos pesares, ainda que só por ser a única revista cultural brasileira não-especializada e não-acadêmica, com uma distribuição decente. E, adivinhem, não se paga. É patrocinada pelo grupo Pão de Açucar.
</Evandro> <!--11:16 AM-->

Sábado, Agosto 24, 2002

<Evandro> 

Entrei em duas livrarias ontem. Uma era de livros brasileiros e a outra era de livros espanhóis e franceses. Na de livros brasileiros vi muitas capas coloridas, os últimos lançamentos de linguística (sempre linguística) e estudos neomarxistas em fartura. Na de livros espanhóis e fraceses achei as Investigações Lógicas de Husserl em espanhol, completas, em dois volumes, por 100 reais, preço de antes da alta do Euro. Além disso, encontrei vários diálogos de Platão e obras de Aristóteles, a Suma Teológica de Santo Tomás, em francês.

O livro de Husserl não tem tradução em português, mas os outros têm. Mas você não os encontra nas livrarias. Por que será? Hein? Por que será?

Deve ser por causa daquilo que um amigo de meu irmão disse a ele: que Aristóteles não tem importância, está superado!!

Os espanhóis e os franceses, inexplicavelmente, ainda não descobriram isso! Será que ninguém vai explicar a eles que a onda agora é "pós-metafísica"? Tristeza, pranto; lágrimas saem de meus olhos e eu não consigo controlá-las. Mas espere! Eis que entra em minha sala o espectro flutuante de Charles Bukowski e me oferece uma garrafa térmica cheia de whisky! Hmm. Agora estou mais calmo...
</Evandro> <!--8:01 PM-->

<Agonias> 

Tive um sonho engraçado hoje, sonhei que um amigo meu, roqueiro, me explicava detalhadamente os processos de composição da arte da fuga de Bach (talvez isso tenha me motivado a escrever sobre as variações Goldberg), o pior é que no sonho fazia um enorme sentido. Sabe, o cara me mostrou até as partituras com os temas, os motivos e etc., separados com lápis de cor. Bicho, o cara é guitarrista!!!
....................................................................................................................................
ps. A arte de fuga é um conjunto de fugas (não diga!) baseadas num tema simples que aparece na primeira fuga e reaparece transformado a cada nova fuga. Fuga, a grosso modo, é um tipo de composição escrita a partir de um tema que é apresentado no início por uma das vozes e vai aparecendo sucessivamente nas outras vozes modificado ou não, dando a impressão de um diálogo entre as vozes (vozes são linhas melódicas, não pessoas falando).
ps.2 O Canadian Brass também gravou a arte da fuga, por sinal é a melhor interpretação que conheço.
</Agonias> <!--4:30 PM-->

<Agonias> 

Estou viciado nas variações Goldberg de Bach, mais específicamente na gravação que o Canadian Brass fez dessa obra.

O interessante é que essa é uma peça originalmente para cravo, sendo entretanto muito mais tocada no piano. A versão do grande pianísta canadense Glenn Gould é no meu entender um dos pontos altos da história da música.
Mas, voltando à versão do Canadian, eu conheço alguns purístas que teríam um enfarte fulminante ao ouvi-la (eu não estou exagerando tem gente que não admite que a peça seja executada no piano!). O CB é um quinteto de metais (dois trompetes, trompa, trombone e tuba) pioneiro na gravação de peças que não foram escritas originalmente para esta formação, vale lembrar que estes instrumentos só atingiram a maturidade a partir da metade do século XIX (por exemplo o trompete da época de Bach não possuía pistões, o que limitava a capacidade de execução). Dentre as transcrições mais interessantes feitas pelo CB está uma versão para três quintetos da quinta sinfonia de Beethoven.
(e ainda me aparece gente para falar que a música "clássica" é uma música morta)
As variações Goldeberg são um conjunto de 30 variações sobre um Ária inicial, que é executada novamente ao final. Alguns historiadores acreditam que essa peça foi escrita por encomenda do conde Von Keyserlingk, que sofria de insônia e desejava que seu cravista particular (Johann Gottlieb Goldberg, aluno de Bach) tocasse uma longa peça que o entretesse nestes momentos.
Recomendo a audição das versões do Gould e do CB, é animador perceber que a grande arte não se esgota, está sempre atual (as variações foram compostas entre 1741 e 1742).
</Agonias> <!--4:08 PM-->

Sexta-feira, Agosto 23, 2002

<Evandro> 

MANHÃ DE NOVEMBRO


Meu gato siamês

             (de veludo
             e garras,
             cheio de sons)

deita-se
ao sol
             (da morte,
             sabemos nós)

displicente
e eterno



(Ferreira Gullar)
</Evandro> <!--2:41 PM-->

Quinta-feira, Agosto 22, 2002

<Evandro> 

Gostaria de avisar aos leitores deste blog que não vamos mais aceitar comentários vazios, que visem apenas fazer piadinhas de mal gosto. Para isso a Internet tem outros lugares bem mais adequados, como todos nós bem sabemos. Desculpem-me a rudeza, pois o que estou dizendo não se aplica à maioria de vocês, que têm me mandado sempre comentários muito interessantes e construtivos, não necessariamente amigáveis, mas sempre "argumentativos". Por mais baixos que sejam os argumentos, se eles existirem prometo que não apagaremos o comentário. Por exemplo, um argumento que alega em defesa de Arnaldo Antunes o fato de que Miguel Reale foi integralista há mais de 70 anos atrás é um argumento baixo. Mas ainda é um argumento. Agora, fotinhos pornográficas e difamatórias não configuram argumento.

Ah, e vamos bloquear o host de quem enviar muitos cometários vazios também, pois não temos tempo de ficar apagando comentários um por um. Tais pessoas poderão continuar lendo o blog, mas não poderão enviar comentários.

Não quero intimidar ninguém. Não ligo para comentários breves, como "é isso aí", por exemplo. Mas quem quiser "descer a lenha", vai ter que fazer de forma minimamente racional. O "sem dó nem piedade..." escrito na janela de cometários não é sinônimo de "aceitamos baixarias e infantilidades".
</Evandro> <!--6:17 PM-->

<Evandro> 

Em homenagem ao Fabio Danesi (ver o post de 12 de agosto de 2002 em seu blog), estou colocando neste blog um banner (veja embaixo à esquerda) de adesão ao movimento de retorno ao antigo! Em breve, colocarei um link para uma homepage que os internautas poderão acessar se quiserem aderir ao movimento e colocar o banner em seus blogs e homepages. Eu aviso quando isso acontecer.

O movimento é simbólico, não tem sede física e nem associados e é parcialmente humorístico. Explico: é uma generalização irônica do fato de que, sob vários aspectos, ou melhor, sob aspectos demais, a antiguidade foi uma era mais avançada e humana que a modernidade, contemporaneidade, pós-modernidade, whatever you wanna call it. Principamente no que diz respeito às artes. Também no campo político, a democracia é, sob vários aspectos, um engodo. Tudo bem que podemos falar tudo que queremos na democracia. Mas se precisarmos transformar o mundo em um lixo, em um caos de regulamentações, em um big brother velado, tudo isso para que possamos ter liberdade de expressão... No fim da evolução da democracia do modo como ela está acontecendo (em direção ao que tem sido chamado de "nova democracia"), vejo também o fim da liberdade de expressão. Vejo apenas o Emir Sader e a galera da Caros Amigos escrevendo tudo que vem à cabeça e o resto das pessoas caladas por medo de serem processadas por calúnia.

Allora: "Torniamo all'antico. Sarà un progresso!" (Verdi).
</Evandro> <!--1:53 PM-->

Quarta-feira, Agosto 21, 2002

<Evandro> 

Não vi a propaganda do PSTU não. Aliás, achei muito ridícula a atitude do Estado de S. Paulo de fazer uma reportagem dizendo que o primeiro dia de propaganda eleitoral foi ameno, com os candidatos na defensiva. O Estado de Minas está dizendo que a propaganda do Serra foi cheia de ataques ao Ciro Gomes. Sabe o que aconteceu? O Estadão (de SP) assistiu apenas à propaganda das 13h, que não teve nenhum ataque, e generalizou para "o primeiro dia de propagandas". Bonito, né? Isso é que é jornalismo tupiniquim!
</Evandro> <!--2:51 PM-->

<Agonias> 

As coisas aqui ainda estão meio complicadas e eu não pensava em escrever nada, mas eu não podia deixar passar em branco os comentários desse tal de merengue. Na verdade essa tática de calúniar as pessoas por não conseguir discutir no campo das idéias já está manjada. Eu não sei como você tem paciência de responder esse tipo de gente. E ainda me aparece um poeta concreto(?).

Mudando de assunto, você viu a propaganda do PSTU sobre o plebiscito?
</Agonias> <!--1:07 PM-->

Terça-feira, Agosto 20, 2002

<Evandro> 

Existe um tipo de fenômeno social que eu doravante vou chamar de pentelhação cultural. Um de seus membros poderia ser Arnaldo Antunes. Seus poemas mudernos (com "u" mesmo), quase pude ouví-los protestar diante do primoroso texto de Miguel Reale no Estadão de sábado, 3 de agosto. Cito um trecho: "Não se deve, em suma, esquecer o que há de construtivo na obra poética, cujo único fim, em última análise, é revelar e comunicar todos os aspectos da beleza, em função da qual se situam os demais valores que emergem do valor fundamental da pessoa humana, valor-fonte de todos os valores. Assiste, pois, razão aos que apresentam a poesia como a forma primordial do conhecimento humano, quando surge a cultura ainda envolta na força primitiva da imaginação criadora, da qual vai emergir, em incalculável e incessante processo, a árvore da vida".

E outro trecho ainda melhor: "É a razão pela qual não me conformo com pseudopoetas que não compõem senão um ajustamento extrínseco de palavras, cujo significado caberia ao leitor decifrar ou se não inventar. Infelizmente, cresce o número desse tipo de versificadores que confundem o mistério da poesia com a sua absoluta falta de sentido.
Ora, se, como declarou Heidegger e Gadamer o demonstrou profundamente, todo conhecimento implica um ato interpretativo criador até mesmo no plano das ciências exatas, que dizer da poesia, na qual há uma unidade essencial entre o dizer poético e sua hermenêutica, entre as palavras empregadas e seu significado transcendental?"

Pois é, parece que ainda tem gente sã nesse país. Mas são poucos. A maioria acha mesmo que poesia é um "vale-tudo". E que a liberdade criadora depende de que a arte seja esse vale-tudo.

Queria falar mais sobre isso, mas depois que li o texto me senti um ignorante. Preciso estudar mais poesia.
</Evandro> <!--6:04 PM-->

<Evandro> 

Sobre o último texto, um leitor que se auto-intitula Gravataí Merengue postou um belíssimo comentário que insinua que quem admira o Olavo de Carvalho é enrustido. Bem, como estou com tempo hoje e estou me sentindo mais enrustido do que nunca (!), vou responder em breves linhas:

Querido amigo merengoso. Se eu fosse um enrustido, não abriria um blog que fala mal de tudo e de todos. Eu iria, ao invés disso, lançar uma revista acadêmica com seções sobre arte digital e cultura popular. Convidaria o Ziraldo para a seção de entrevistas, veicularia notícias sobre congressos de mídia em Cuba e abriria um forum de discussões sobre as relações entre o homem e a máquina no contexto da pós-modernidade.
</Evandro> <!--12:27 PM-->

Sábado, Agosto 17, 2002

<Evandro> 

Acho que uns 90 % dos estudantes de psicologia nas universidades são do sexo feminino.

Explicação-clichê: as mulheres são mais sensíveis que os homens e se interessam mais por descobrir os mistérios da consciência. Os homens são metidos a machões e têm até vergonha de admitir que têm problemas psicológicos.

Explicação politicamente-incorreta: muitas mulheres são mal-amadas e procuram se vingar dos homens complicando tudo.

Nenhuma das duas explicações me satisfaz. Acho que a coisa passa pela segunda explicação, mas de uma maneira bem mais sutil e complexa. Além do mais, o mundo também está cheio desses tais machões que acham que psicologia é coisa de veado. Isso também é verdade.

Mas tem uma coisa que eu percebo muito bem e há muito tempo: as mulheres são um alvo bastante mais fácil do que os homens quando a ameaça é a da pseudo-intelectualidade. Ou pelo menos a pseudo-intelectualidade feminina é mais antipática que a masculina, por se juntar à auto-afirmação estética (vide Rita Lee) e sexual (o conhecido charme da mulher culta!).
</Evandro> <!--8:39 PM-->

<Evandro> 

O "filósofo" Peter Singer foi apresentado na Veja como um sujeito polêmico e ousado. Entre outras coisas, porque defende o aborto.

Meu Deus, se defender o aborto hoje é ser ousado e causar polêmica, então eu sou um miquinho de circo! Ser polêmico hoje é defender uma posição semelhante à da Igreja Católica em algum assunto. Aparece logo um petista (ou uma daquelas pessoas que só não são petistas para elas mesmas) pra te linchar verbalmente.

Aliás, eu tenho esse desabafo para fazer: os petistas não conversam, eles tentam te linchar verbalmente. Tente conversar com um. Se você não concordar com ao menos 70 % das idéias dele, pode desitir de conversar.

Mas, voltando ao assunto do aborto, lembrei que existem os evangélicos, né? Eles são contra o aborto. Bem, isso é verdade. E é verdade que eles estão cada vez mais numerosos no Brasil. Mas não vejo nisso uma vantagem, mesmo porque o fundamentalismo dos evangélicos só piora as coisas. Eles não se posicionam sobre as questões de forma racional. Tudo é de determinada maneira porque deve ser assim e acabou. Não tenho nada contra a fé. Mas só ela não basta, afinal Deus nos deu a razão também (deve ter sido para usar, então!). Eles não debatem e nem criam escolas de pensamento para se opor aos esquerdistas pró-aborto. Eles apenas não ouvem ninguém. E, além do mais, de uma hora pra outra é bem capaz de eles passarem a aceitar o aborto.
</Evandro> <!--7:13 PM-->

<Evandro> 

Não sei quem já conhece. Para quem não conhece, a homepage de Ricardo Bergamini é muito boa. Alguns links não levam a lugar nenhum, mas com um pouco de perspicácia tenho certeza de que o visitante descobrirá como contornar esse probleminha! Senão, pergunte-me e eu explicarei.

Muitos dos artigos circulam por e-mail e os autores tentam esboçar o que se poderia chamar de um ainda tímido pensamento liberal no Brasil, entre outras coisas. Vale a pena conferir.
</Evandro> <!--6:59 PM-->

Sexta-feira, Agosto 16, 2002

<Evandro> 

É fácil criticar tudo, né?
</Evandro> <!--11:47 PM-->

<Evandro> 

Exemplo de malandro sem-graça: Amilcar de Castro. Encontrei um textinho sobre ele em um encarte da revista Bravo!. Estou com dificuldades de inserir imagens no blog, mas como todas as pinturas do Amilcar de Castro consistem apenas em traços com pincel grosso passado sobre a tela até a tinta secar, quem quiser pode apenas procurar pela Internet e deve encontrar alguma e este texto valerá para ela também. Vejam a pérola: "Paralelo a seu trabalho escultórico, Amilcar produz desenhos-pintura como este, em que o gesto pictórico é disciplinado pela forma gráfica, que emerge da tinta negra com absoluta economia de elementos. O material predileto do escultor é o aço cor-ten, de superfície bruta e oxidada pelo tempo até chegar a uma cor avermelhada. Com seu característico processo de corte e dobra, o artista cria com esse metal telúrico volumetrias de grande leveza e equilíbrio formal. Mesmo na superfície plana do papel ou da tela, porém, os trabalhos de Amilcar remetem à construção tridimensional. Também não esquecem o fascínio pelas texturas naturais, que tanto podem surgir do acúmulo da tinta no início do percurso do pincel como do rastro que sinaliza a gradativa exaustão do material. Quadrado dentro de um quadrado. O limite como assunto. Essencialidades de um mestre da concisão da forma".

Bem, tive que colocar em negrito o trecho em que o crítico inventa uma linda maneira de dizer que o quadro consiste apenas em um rabisco com um pincel grosso, que vai secando à medida que a tinta acaba. Coisa que qualquer criança fica sabendo após 5 segundos de brincadeira com aqueles kits de pintura da Faber Castell.

E como o observador não tem quase nada para ver quando olha para o quadro, ressalta-se que há "absoluta economia de elementos". Ah, e o traço é em forma de quadrado. E como a tela também é quadrada, a coisa toda se transforma no "limite como assunto"!! Brilhante! Então, esse pequeno comentário que agora escrevo pode ser descrito como o limite da paciência como assunto.
</Evandro> <!--11:46 PM-->

<Evandro> 

Se você estiver em condições de escutar, quero que saiba que lamento imensamente. Seu avô era uma daquelas pessoas que jamais perdem a jovialidade. Conversar com ele era como conversar com um rapaz aventureiro e boêmio do Rio de Janeiro dos velhos tempos. E safado também! Perdemos um bom malandro. Sobraram mais alguns milhares de malandros sem graça.
</Evandro> <!--7:31 PM-->

<Agonias> 

Ok, finalmente reuní forças para explicar a minha ausência. Segunda feira meu avô faleceu, estou arrasado. Você sabe que ele foi como um pai para mim. Eu ainda não estou em condições de escrever, preciso de mais alguns dias para colocar as idéias no lugar.
(eu tentei comunicar por e-mail, mas o endereço de destinatário foi recusado)
</Agonias> <!--6:42 PM-->

Quarta-feira, Agosto 14, 2002

<Evandro> 

A babação de ovo com a cultura popular, assunto de que tratei em meu artigo de ontem no Digestivo Cultural, é um fenômeno social bastante fácil de ser percebido hoje em dia e que poderia muito bem ser estudado por alguem, se ainda houvesse sobrado algum sociólogo anti-marxista nesse país.

O fato é que por todos os lugares onde ando, só vejo cultura popular. Instituições gastam milhões de reais promovendo a cultura popular. As academias ocupam a maior parte de suas teses de mestrado com o estudo de fenômenos culturais sem a mínima importância, apenas porque são brasileiros e vêm do povo. E os artistas todos ficam macaqueando a arte popular e o artesanato, criando obras ridículas que são expostas nos mais famosos museus do país.

E o mais triste não é isso. O mais triste é que a arte contemporânea é tão ruim, que a arte popular realmente é melhor que ela. Prefiro muito mais uma daquelas bricolagens de santinhos e enfeites católicos do que uma tela do Amílcar de Castro. Aliás, prefiro quase qualquer coisa a uma tela do Amílcar de Castro - até o cocozinho da minha cachorrinha. O indivíduo parece que molha uma vassoura na tinta preta e varre a tela. Depois aparece algum crítico acadêmico e diz que viu na obra um jogo de claro/ escuro, uma exploração dos espaços vazios e do acaso, através da tinta negra no fundo branco, tinta que vai diminuindo à medida que o pincel corre a tela e os espaços vazios vão ficando cada vez mais aparentes entre o fluxo negro blá blá blá.

Tristes tempos esses, em que as classes letradas se tornam admiradoras das iletradas, tamanha a ignorância geral que tudo nivela. Parece que chegou a vez do povão mesmo. Não tenho nada contra. O único problema é que o povão ainda vai levar um bom tempo para se elevar ao ponto de se apossar da cultura erudita, no mínimo uns 4 séculos (de caos total). Mas o mais provável é que isso não ocorra. O mais provável é que dentro de um século (sou otimista, hein?) ninguém mais saberá quem foi Bach, a não ser os computadores que guardarão os arquivos com suas músicas, jamais visitados por ninguém. E os museus estarão repletos de cerâmicas artesanais, bandeiras do MST e fotos de figuras pitorescas do interior. E, enfim, todos os seres humanos terão alcançado a tão almejada igualdade, pela via mais fácil, a do nivelamento por baixo.

Note-se que eu nem mencionei o circo da TV aberta, com seus Ratinhos e Gimenez. Estou falando de uma coisa muito "menos pior" que isso. Estou falando do mundinho perfeito idealizado por nossos acadêmicos de plantão. Eles são a segunda opção. A "melhor" opção. A opção Roda Viva/ Abujamra!!
</Evandro> <!--10:29 PM-->

<Evandro> 

Sempre que as ervilhas cresciam no pomar de David, o rapaz se alegrava. Isso o fazia pensar em todos os objetos abaulados e fofos que existem na face da Terra e, por um momento, ele se esquecia da existência de Amílcar de Castro!

Conseguí! Não ficou muito abstrato, mas já é um começo.
</Evandro> <!--12:18 AM-->

<Evandro> 

Estou com vontade de escrever coisas abstratas, como acontece em vários blogs que tenho visitado. Fui tomado por um sentimento de que este não será um blog de verdade enquanto eu não disser coisas abstratas. Mas não consigo.
</Evandro> <!--12:14 AM-->

Terça-feira, Agosto 13, 2002

<Evandro> 

Muito previsível o José Serra aproveitar o episódio com a menininha de 5 anos em São Paulo para anunciar planos de segurança e insistir na proibição de porte de arma por civis. Maneira eficiente - talvez - de subir nas pesquisas.

Fico imaginando: um sujeito é capaz de dar tiros à queima-roupa na pessoa que o perseguiu por ter batido no carro dela. Esse assassino deve estar mesmo preocupadíssimo com a legalidade do porte de sua arma, não é mesmo?

Além disso, não quero inverter as coisas, pois é logicamente um absurdo atirar como o sujeitinho atirou (aliás, fugir após uma batida já é um absurdo). Agora, convenhamos, sair perseguindo o sujeito pelas ruas de São Paulo, com duas crianças no carro (e até o cachorro!), é coisa de um indivíduo bastante irresponsável.

Enfim, acho que todos estão ficando loucos. E realmente, se o Serra for eleito, as coisas vão melhorar, já que as pessoas estarão todas desarmadas, exceto os assassinos (ops!) e os policiais. E aí nós poderemos voltar a perseguir carros pelas ruas de São Paulo e, quem sabe, até pelas do Rio, pois os motoristas não andarão mais armados, não é mesmo? Ha, ha, ha. Quero chorar...
</Evandro> <!--11:04 PM-->

<Evandro> 

Consegui um exemplar em português da "Ortodoxia", de Chesterton, em um sebo. Um trecho primoroso: "Se um homem me vem dizer que o aniquilamento é melhor do que a existência, ou que uma existência vazia é preferível a uma existência cheia de variedade e aventura, esse homem não pertence ao número das pessoas normais com quem pretendo falar. A quem prefere o nada, nada lhe poderei dar".

Não resisti a esse trocadilho infame com a palavra "nada"! É muito bom! Para discutir com os niilistas, só mesmo na base da gozação (mas, falando sério, a gozação traduz perfeitamente a fraqueza lógica do niilismo).

O leitor desavisado deve estar se perguntando: "Mas agonizar não é niilismo? Como fica o nome desse blog?". Resposta: vamos agonizar como gentlemen! Nada de palhaçadas. A coisa aqui é séria, viu? Muito séria! Viu?

Ah, e para quem lê em inglês, pode procurar pela versão gringa original do livro (é de graça essa!).
</Evandro> <!--12:21 AM-->

Segunda-feira, Agosto 12, 2002

<Evandro> 

Hoje dei uma passeada por alguns blogs. Fiquei contente com o que vi! Estou começando a acreditar que existem (poucas) pessoas sãs nesse mundo. Só mesmo a Internet pra catá-las cada uma em seu lugar e reunir todas ao alcance dos olhos. Enquanto isso, em uma faculdade de comunicação, um professor afirma que a guerrilha eletrônica contra o imperialismo na mediação da informação está em andamento através dos blogs. Falou a verdade sem querer, mesmo porque esse povinho que só fala de tecnologia o tempo todo é um saco. Além disso, o cara geralmente sai por aí papagaiando o que ouviu, mas só usa os blogs para ler as mesmas bobagens tecno-esquerdistas que leu nos livros de mestrado.

Sabe o que me irrita nos cursos de jornalismo? Ninguém lê nada além dos xerox e depois sai por aí falando das novas formas de mediação, da questão da autoria na Internet (esse é a preferida de todos), de hipertexto, do futuro do jornalismo, das técnicas multimidiáticas que podem transformar o jornalismo, tornando-o mais dinâmico e ousado etc etc. Ousado pra mim é o Martim Vasques escrever um ensaio de 9 páginas sobre Tom Waits no site "O Indivíduo" e estar pouco se lichando se alguém vai ler. Quem leu, bem, quem não leu, amém. Existe jornalismo mais ousado e revolucionário que esse?

Esses estudantes de jornalismo que vivem semioticando pelos butecos e planejando fazer alguma pós-graduação muderninha na área de estética (que supostamente vai ensiná-los a falar sobre obras de arte), eles deviam se tocar que ninguém aprende a escrever sem ler muito. E não é ler sobre técnicas de redação e de jornalismo. É ler Dante, Dickens, Joyce, Dostoievsky, H. L. Mencken, Paulo Frnacis, Nelson Rodrigues, Carpeaux, Paulo Rónai e mil etcs. Hoje em dia, se um estudante de jornalismo lê jornais, já acha que está fazendo demais. Os únicos que se interessam por leitura são os que lêem Deleuze, Peirce, Saussure e todos aqueles francesinhos cult. Nada de literatura, a não ser Arnaldo Antunes (ops! alguém aí falou em literatura?) e Clarice Lispector.
</Evandro> <!--9:57 PM-->

<Evandro> 

Hoje em dia eu nem posso abrir a boca direito e já me meto em confusão aqui em BH. Sábado fui a uma festa e um colega de faculdade que eu não via há tempos, logo que me cumprimentou, perguntou: "você vai votar no Lula, né?". Então eu disse não e ele me alugou por quase meia hora com aquela mistureba habitual de bobagens nacionalistas e "anti-elitistas", do tipo "o Ciro está comprometido com o ACM" (o Serra nem mereceu comentários, pois é obviamente um fascista!). Pra piorar, o cara é vídeo-maker. A profissão de vídeo-artista hoje no Brasil seria melhor caracterizada pela designação "vídeo-terrorista latino-alinhado", ou algo assim. Coitado do cara. Ou coitado de mim! Enquanto ele está com aquela certeza toda, vendo uma vida inteira de militância artística pela frente, eu estou mais para atender ao chamado de um e-mail que recebi e que dizia: "Anule o seu voto!!".
</Evandro> <!--9:07 AM-->

Domingo, Agosto 11, 2002

<Evandro> 

Meu amigo Feitosa está desaparecidinho, né? Agoniza aí, vai...
</Evandro> <!--7:24 PM-->

<Evandro> 

Meu professor de lógica parece um retardado mental. Complica suas próprias explicacões em sala de aula e deixa os alunos em dúvida sobre coisas que eles já entenderam. Um colega meu me disse que ele já está meio caduco, mas não pode ser despedido, porque tem doutorado no exterior e já escreveu livros. Tudo isso é muito chato. A verdade é que cursar filosofia tem sido uma grande perda de tempo. Estou pensando em mandar imprimir um daqueles adesivos para pregar no carro. Seria assim: "Aprenda filosofia sozinho. Pergunte-me como". O problema é que poderiam aparecer alguns idiotas perguntando qual é a minha titulação!
</Evandro> <!--7:23 PM-->

<Evandro> 

Ontem vi "Minority Report", o novo filme do Spielberg. Por que tudo tem que dar tão certo no final? Que coisa mais sem graça. O filme é bom, mas eu subscrevo tudo que o Martim Vasques disse em sua coluna em "O Indivíduo". Aliás, como é bom ler críticas adultas de filmes de cinema! A crítica sobre o Star Wars Episódio II, na Bravo do mês passado, foi uma coisa repugnante de tão infantil. Simplesmente não analisa o filme. Não fala de cenas boas e ruins (todo filme tem as duas), não fala de pontos positivos e negativos. Simplesmente diz que o filme não presta porque é comercial e bobo.

As críticas de Martim Vasques e do Digestivo Cultural é que têm me dado um pouco de luz nesse enorme túnel sem fim que é a vida de um espectador de cinema no Brasil. Fora isso, só a Salon mesmo. Se alguém souber de alguma outra publicação, por favor me diga.
</Evandro> <!--7:13 PM-->

<Evandro> 

Um estudante da UnB afirmou anteontem que Ciro Gomes é de direita. O motivo, como se pode deduzir da reportagem do Estadão, é que ele estava puto da vida porque o candidato não deixou ele usar o microfone durante um debate, para defender as cotas para negros na universidade. Nenhum outro aluno tinha podido usar o microfone, pois o debate não era aberto à participação da platéia. Mas ele queria usar. E, como não pôde, disse que Ciro é de direita.

Bem, então vamos examinar essa lógica peculiar do tal estudante.

O sujeitinho queria falar e não pôde. Alguém foi o responsável por isso, já que regras não existem na mente de um estudante hoje, após anos e anos de permissividade freireana pós-psicanalítica nas escolas. Se ele não pôde falar, só pode ter sido por causa de alguém, já que um debate não pode ter regras senão para os "outros". Regras são coisa da "elite opressora"! E se alguém não o deixou falar, então esse alguém só pode ser de direita, já que esquerdistas sempre deixam todo mundo falar (ops, ouviu essa Stalin?!). Além disso, o infeliz candidato esquerdista do PPS (agora direitista, quem diria!) teve o azar de não concordar com as cotas para negros! Como alguém pode ser esquerdista e não concordar com uma causa da "affirmative action"? Isso não entra na cabeça de um estudante petista.

O nível intelectual brasileiro está tão baixo, que além de todo mundo ser esquerdista, ninguém consegue admitir que possa haver divergências nem em pequenos detalhes e sutilezas dos tipos de esquerdismo. E se alguém discorda de um esquerdista em qualquer detalhe, só pode ser de direita! Se não segue TODAS as regras da "niceness" - a obrigatoriedade de ser legal com todo mundo - então é uma pessoa má. E pessoas más são de direita, viu? DIREITA. MAL. DIREITA. MAL. Uh, uh, uh, uh.
</Evandro> <!--6:55 PM-->

Sexta-feira, Agosto 09, 2002

<Evandro> 

Os pais não deviam mais levar seus filhos à escola. Deveriam educá-los em casa e só matriculá-los em aulas de esporte, ou então simplesmente inventar uma maneira qualquer de fazê-los conviver com outras crianças. As escolas não têm mais solução. Professores, mesmo velhos e experientes, são incapazes de proporcionar aos alunos algo além de um ensino robótico. Um dia desses eu estava em um museu onde se expunham gravuras de Rembrandt. A professorinha estava lá com suas dezenas de alunos, aquela boiada habitual de criancinhas homogeneizadas. Então ela disse: "Olhem para essa gravura. Ela só tem um tipo de linha?". E as crianças: "Nããããão", em coro! O ensino hoje trabalha na base do estímulo/ resposta. E as criancinhas já sabem, pela maneira como a professora faz a pergunta, se devem responder sim ou não. É um reflexo programado. Não há raciocínio, senão num nível muito baixo.
</Evandro> <!--7:21 PM-->

<Evandro> 

Quero indicar um blog: Ignea's. Apesar de a autora não escrever muito por enquanto, o pouco que escreveu já vale mais do que muito blog por aí. E, além disso, os links são muito bons!
</Evandro> <!--11:26 AM-->

<Evandro> 

Manchete de uma materiazinha no Estadão de hoje: "ONU condena ofensiva das Farc e reitera pedido de saída negociada". Possíveis respostas dos terroristas: "Quem se importa com o que a ONU condena?" ou "vamos negociar: queremos metade da Colômbia e o direito de plantar coca".

Outra afirmação da matéria: "[Kofi Annan] pediu que a população civil fosse poupada do conflito". Observação minha: será que alguém aí na ONU tem noção do que seja terrorismo? Que eu saiba, os terroristas são todos civis. Além disso, nem todos eles andam armados e uniformizados.

Enfim, esse tipo de pedido divulgado na mídia só serve para alimentar a ignorância do leitor médio sobre a complexidade das situações políticas. Aliás, a ONU é uma espécie de Vaticano sem passado e com poder de influenciar e formar todas as opiniões do mundo. É a nova igreja, o sonho de Auguste Comte. Aquele positivistazinho deve estar se regozijando na tumba!

P.S.: A manchete na Internet está diferente da da versão impressa, que foi a que eu considerei.
</Evandro> <!--11:17 AM-->

Quinta-feira, Agosto 08, 2002

<Evandro> 

Google! DayPop! This is my blogchalk: Portuguese, Brazil, Belo Horizonte, Anchieta, Evandro Ferreira, Male, 26-30!
</Evandro> <!--11:45 PM-->

<Evandro> 

Hoje entrou no ar o site Mídia sem Máscara. A maioria das pessoas nem sabe o que ele é, ou melhor, em que gênero jornalístico ou "literário" ele se encaixa. Hoje falei sobre "media watch" com minha professora de italiano e ela nem conseguiu entender minha explicação, de tão longe que a coisa está de seu imaginário. O "Observatório da Imprensa", arremedo mal feito de media watch, é o mais próximo que o Brasil já havia chegado de qualquer tipo de crítica à imprensa.

Aliás, media watch no EUA é um gênero de jornalismo. Aqui no Brasil, duvido que por acaso, temos oObservatório da Imprensa, nome próprio obviamente criado com o intuito de intimidar qualquer tentativa de concorrência. Se falarmos que qualquer outra publicação é um observatório de imprensa (tradução "literal" do inglês media watch), automaticamente o sujeito dirá: "ah, então é aquele da TV Cultura...". Entretanto, embora os brasileiros nem imaginem, existem muitos observatórios da imprensa nos EUA. E nehum dos que eu conheço é tão enfadonho (para não dizer esquerdista, politicamente correto e tendencioso) quanto o nosso (ex, agora) monopolizador Observatório da Imprensa.

Bem, agora temos um jornal que analisa as matérias de outros jornais e diz a verdade sobre elas. Além disso, divulga notícias sobre aquilo que a maioria dos jornalistas brasileiros não quer que o povo saiba. Por exemplo, que o regime comunista chinês mata milhares de pessoas por ano e representa uma enorme ameaça para o mundo. Temos que agradecer aos editores dessa maravilhosa publicação pela sua coragem de nadar contra a corrente e inaugurar uma nova época no jornalismo brasileiro, hoje totalmente vendido às ideologias esquerdistas e neo-esquerdistas, à banalização da informação e da crítica cultural, enfim, ao "dumbing down", ou emburrecimento cíclico do leitor, que fica mais burro por que lê coisas fáceis e exige coisas fáceis porque ficou mais burro de tanto ler coisas fáceis. Não interessa saber onde começou tudo isso? E como ficam os leitores que não querem ler as idiotices acadêmicas do Mais!, do Jornal de Resenhas e da Cult? E se eu quiser ler críticas literárias do nível das de um Carpeaux ou de um Drummond? Procuro-as na Internet. Mas houve um tempo em que elas eram impressas. E esse tempo pode voltar, se o jornalismo retardado e ideológico for combatido pelos media watches, como já está acontecendo nos EUA. Por isso, qualquer um que tenha um pouco de amor pelo Brasil tem a obrigação de ler o Mídia sem Máscara.
</Evandro> <!--11:18 PM-->

Quarta-feira, Agosto 07, 2002

<Evandro> 

A MTV é mesmo uma gracinha, né? Hoje vi três figuras vestidas com trajes "ousados", um deles com os cabelos espetados num visual rapper marginal. Estavam defendendo a propaganda anti-tabagista com fotos nos maços de cigarro. Ou seja, politicamente corretos. O modelo que a juventude de hoje segue é do tipo seja ousado e rebelde, mas com responsabilidade. Revolte-se contra tudo e contra todos, mas use camisinha e não fume nem use drogas. Que saco! Até a rebeldia já está regulamentada. Isso é que é programação cerebral cidadã... Em sinal de protesto, brevemente colocarei neste blog a bandeirinha do movimento "Anti Politicaly Correct". Aguardem. Só vou recobrar minha paciência htmlística, que está meio desgastada por hoje.
</Evandro> <!--11:11 PM-->

<Evandro> 

Quando fui à livraria comprar a biografia do Bukowski, a vendedora cult formada em letras me sugeriu a do Timothy Leary também. Achei engraçado e triste ao mesmo tempo. Sempre me entristeço com as pessoas que pensam por meio de clichês. A mensagem é: já que você gosta de caras doidões, leve o livro desse outro cara doidão também. Afinal, não é por isso que as pessoas compram livros hoje em dia? Para seguir o exemplo de quem está no livro... Seria difícil explicar a uma pessoa "letrada" dessas que eu posso admirar alguém por algumas de suas virtudes e desprezar outras. Ou seja, admiro o Bukowski por sua autenticidade, por não inventar nenhuma filosofia para justificar suas fraquezas e seu vício alcoólico. Ele apenas viu que o sonho americano era uma fantasia hipócrita e cruel, mas não foi capaz de encontrar um outro sentido para sua vida e mergulhou de ponta na parte mais obscura dela. Talvez tenha até sido feliz, à sua maneira. Alguns de seus textos parecem querer nos convencer disso, embora outros nem tanto.

Mas não se pode negar que ele não aderiu à hipocrisia. E só essa virtude já justifica a leitura de tudo que ele escreveu. Ele era apenas um bêbado safado e sabia disso. E não inventou nenhuma teoriazinha acadêmica para converter milhares de imbecis, como fazem tantos indivíduos perturbados hoje em dia. Não sei se foi esse o caso de Leary, mas tenho uns bons exemplos de gente que devia estar no hospital de doidos, mas está em uma universidade. Conheço muita gente que não consegue se achar nesse mundo e que por isso acha muito conveniente sair por aí dizendo que ninguém consegue mesmo se achar e que isso é normal e louvável, viva o caos, viva a fragmentação da identidade etc etc. Sempre que eu me deparo com um professorzinho universitário alternativinho e semiótico eu me lembro do exemplo de Bukowski: "não tenho nada contra as pessoas, é só que me sinto melhor quando estou longe delas". Hoje em dia, quase todo mundo tem algo contra as pessoas e então abraça alguma causa para mudar o mundo.
</Evandro> <!--10:28 PM-->

<Evandro> 

A pirataria é uma coisa errada. Um policial me disse que as quadrilhas de traficantes ganham dinheiro para financiar suas armas e seus negócios por meio da venda de CDs piratas. Mas, ao mesmo tempo, quem vai pagar de 30 a 40 reais num CD? Quero dizer, quem não gosta de pop/ rock e prefere comprar coisa melhor, como vai fazer nesse país? Adorei o disco da trilha sonora do filme "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain". Só que ele custa 34,90. Ou seja, não vou comprar. Será que ainda existe mercado para esse tipo de produto? Será que ainda existem pessoas burras que pagam esse preço? Será que as grandes empresas que comercializam esses CDs precisam cobrar esse preço para ter lucro? Quanto à esta última pergunta, minha resposta é: duvido muito. Acho mesmo é que são um bando de ladrões monopolistas, protegidos por uma burocracia estatal e por um sistema imbecil de leis e impostos que impede a concorrência etc etc. Diante de tudo isso, a única solução é continuar baixando MP3s pela web e torcer para que as mega gravadoras se manquem ou vão à falência. Isso tudo tem que mudar.
</Evandro> <!--1:06 PM-->

<Evandro> 

...
</Evandro> <!--7:19 AM-->

<Evandro> 

...
</Evandro> <!--7:16 AM-->

<Evandro> 

Será que vai ser possível? Os comentários não querem funcionar.
</Evandro> <!--7:11 AM-->

<Evandro> 

Comentários
</Evandro> <!--7:08 AM-->

<Agonias> 

Me desculpa, eu não tinha lido o seu post e entrei em outro tom, mas é culpa desse windows xispeta. :-(
</Agonias> <!--12:48 AM-->

<Agonias> 

Isso é irritante: o windows XP é cheio de probleminhas que me fazem gastar horas baixando atualizações. Não seria responsabilidade deles mandar pra cada usuário as correções de um produto que eles venderam defeituoso? Quem vai pagar minha conta telefônica? o Bill Gates?
</Agonias> <!--12:45 AM-->

<Evandro> 

Trecho de um e-mail que eu mandei para uma amiga minha de faculdade: Se você me perguntar o que eu acho de propagandas, vou emitir alguma opinião raivosa muito semelhante à de um esquerdista inimigo do mercado e do capitalismo. Mas você sabe que não é esse o caso, né? Afinal, pra que serviram 4 anos de convívio? Então eu te explicaria com muitas linhas a diferença entre a minha raiva e a de um esquerdista, aquela coisa toda... E você só entenderia porque me conhece, e não por causa da explicação que eu dei. Tudo isso é mais ou menos o que acontece quando você tenta explicar um artigo do Olavo de Carvalho a um amigo qualquer. Você tem que dar giros enormes e a pessoa não entende nada, a menos que já tenha lido vários artigos dele.
</Evandro> <!--12:39 AM-->

<Agonias> 

O Lula devia escrever um livro: A Arte de falar sem dizer nada.


Sei..Hello Kitty né....? Entendo....
</Agonias> <!--12:15 AM-->

<Evandro> 

A vida tem vários lados. Um deles é o lado fofo. É muito interessante essa capacidade que o ser humano tem de achar as coisas fofas. Quem ainda tiver dúvidas quanto ao que eu estou falando pode acessar www.sanrio.com e dar uma passeada pelo site (da fábrica da Hello Kitty). Tem uma porcentagem enorme de personagens fofos por bit quadrado. Há descansos de tela, papéis de parede, é o bicho! Eu sei que tem muita gente que acha que isso é coisa para mulher ou para bichas, boyolas mesmo. Mas eu não tenho vergonha nenhuma de dizer que eu acho aqueles bichinhos todos muito fofos. Não é legal e nem bonito ou criativo ou original. É fofo mesmo, que é uma palavra única que já engloba isso tudo. Alguém podia comprar um bicho fofo daqueles e mandar entregar na casa do José Serra. Talvez assim ele perdesse aquele ar de superioridade, pois seria incapaz de negar que a encomenda recebida era mesmo muito fofa. E não se pode manter um ar de superioridade diante da fofura. Isso é impossível.
</Evandro> <!--12:10 AM-->

Terça-feira, Agosto 06, 2002

<Evandro> 

Hoje minha namorada sonhou que estava pescando papagaios. Se um candidato à presidência prometesse me ensinar a pescar papagaios, eu votava nele na hora!
</Evandro> <!--7:18 PM-->

<Evandro> 

Confiram meu artigo de hoje no Digestivo Cultural (e dos outros dias também!).
</Evandro> <!--3:28 PM-->

<Agonias> 

Ok, o link não entrou, vai na mão mesmo: http://www.tonkoopman.nl/testframe.htm
</Agonias> <!--1:41 PM-->

<Agonias> 

Desculpem-me pelo o stress de ontem a noite, tomei uma surra do blog.
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Por que a imprensa tem dificuldade de diferenciar acusação de condenação? e pior, investigação de acusação? Eu não estou querendo defender o Ciro (deus me livre), mas é revoltante como a entrevista foi conduzida ontem no jornal da Globo
..................................................................................................................
vale a pena checar este site, Ton Koopman é um dos mais respeitados regentes especializados em música Barroca
</Agonias> <!--12:55 PM-->

<Evandro> 

Melhor desistir de colocar fotos. Tive que tirar a foto do munch, porque ontem estava funcionando e hoje não. Vamos deixar rolar mais um pouco e ver se um dia aprendemos. Vou fuçar mais. Ah, Feitosa, e não poste mensagens como se fossem e-mails para mim. Não é assim que se escreve em um blog! Podemos dialogar, mas sobre assuntos mais interessantes que a operação do blog!!
</Evandro> <!--12:13 PM-->

<Agonias> 


olha só isso, viva a internet
</Agonias> <!--2:09 AM-->

<Agonias> 

me manda 1e1/2 detalhado de como botar fotos, eu tentei...
</Agonias> <!--1:44 AM-->

<Agonias> 

a vai tomar no cú, como é que faz isso?
</Agonias> <!--1:42 AM-->

<Agonias> 

http://www.terra.com.br/discovirtual/vd.cgi/+iwDSiyias_mAjS2Z0UwuiaeaAcLtYY2LTIWiiiwz4WS8lnLp*YLSbapqwAXqYYTLSgcb1xUvbklriC0jK2Ewsl8zSAm9ZjP*Q*ZETuIJkRDQk60RqM0EieTJOxcykp7VH|_we=23|_f=/JohnColtrane.jpg

Vamos ver....
</Agonias> <!--1:41 AM-->

<Agonias> 

</Agonias> <!--1:40 AM-->

<Agonias> 

http://www.terra.com.br/discovirtual/vd.cgi/+iwDSiyias_mAjS2Z0UwuiaeaAcLtYY2LTIWiiiwz4WS8lnLp*YLSbapqwAXqYYTLSgcb1xUvbklriC0jK2Ewsl8zSAm9ZjP*Q*ZETuIJkRDQk60RqM0EieTJOxcykp7VH|_we=23|_f=/JohnColtrane.jpg
</Agonias> <!--1:39 AM-->

<Agonias> 

</Agonias> <!--1:32 AM-->

<Agonias> 

Frase do dia:
"Eu sou um gênio, vou fingir que sou um brinquedo e.. EU VOU CONQUISTAR O MUNDO" Boneco do Cérebro
</Agonias> <!--1:08 AM-->

<Agonias> 

Tô dentro!!
.................
...e o debate de ontem heim?
dá até medo...
cadê a direita brasileira?

"..então você é de direita né? Quer dizer que você compactua com todo esse modelo econômico escravizante que esta aí? Que você é a favor da preconceito racial? Que você apoia essas elites dominadoras?"
Isso e´o que eu já tive que ouvir hoje, e ainda estamos na segunda.
(parece engraçado mas isso e´muito sério, para de rir porra)

Ei, lembrei de uma cousa: Existe alguma espécie de censura aqui? Se tiver pode fechar conta que não vale a pena.

</Agonias> <!--12:55 AM-->

Segunda-feira, Agosto 05, 2002

<Evandro> 

A coisa começa aqui e agora.
</Evandro> <!--8:41 PM-->

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