Agonizando
"O que, antigamente, foi fonte de júbilo e de lamento deve agora tornar-se fonte de reconhecimento".

[Jacob Burckhardt]

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Quarta-feira, Junho 30, 2004

<Evandro> 

Frase imbecil da semana: "Não faço ilustrações de livros; sou contra a interpretação" (Frank Stella, artista plástico).

E as origens de tal sentimento (em trecho de matéria no Estadão, sobre a correspondência entre Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro): "Da amizade entre Pessoa e Sá-Carneiro surgiu, provavelmente em 1916, o sensacionismo, movimento que pregava que as sensações devem ser expressas de tal modo que criem um objeto que seja sensação para os outros. E dessas sentenças surgia um caminho que se revelaria decisivo para a poesia moderna: 'A única verdade em arte é a consciência da sensação'".

Pra começar, deveria ser proibido escrever qualquer frase com "movimento que pregava"... Mas o pior é que era mesmo um movimento... e realmente pregava! E pregava que a dimensão mais baixa do ser humano era a única existente na arte. Não consigo deixar de rir-me disso - "rir-se disso? Que falta de seriedade e respeito", diriam os professores de letras. "Falta de seriedade e respeito tinham esses sujeitos... pela arte!", diria eu.
</Evandro> <!--6:42 AM-->

Quinta-feira, Junho 24, 2004

<Evandro> 

Não sei se todo mundo aí já está sabendo que tenho outro blog. Já faz um tempinho. Mas, de qualquer modo...



</Evandro> <!--1:11 AM-->

Sexta-feira, Junho 18, 2004

<Evandro> 

Um abismo separa Olavo de Carvalho e todos os outros autores que eu costumo ler. Seu artigo no JT é uma análise tão precisa do que ocorre no mundo, que não se pode negar uma linha. Tudo em um texto minúsculo de jornal, um tema que daria um livro de duas mil páginas. Para processar as coisas que ele fala, são necessários vários dias de reflexão. E, para entendê-las totalmente, precisar-se-ia de toda uma bibliografia em língua estrangeira. É uma pena que ele esteja voltando seus esforços para tentar criar um movimento de reação intelectual no Brasil, ou algo assim, escrevendo sempre sobre o mesmo tema: as Farcs, Lula e o Foro de São Paulo. Se ele se dedicasse a escrever livros que analisassem filosófica e historicamente a situação mundial, com certeza seus escritos ficariam para a posteridade e seriam lidos por pessoas de diversos países. Mas posso estar enganado. Pode ser que ele consiga um resultado prático. Na verdade, ele já conseguiu um resultado prático. Se não fosse o sacrifício que ele fez, dando aulas e escrevendo artigos em jornais e participando de polêmicas com ignorantes, em vez de se dedicar integralmente à pura filosofia, hoje não haveria tanta gente na Internet, escrevendo em blogs e compartilhando idéias em comum. Embora eu ainda não tenha visto, além de mim mesmo, ninguém admitir isso, o Olavo de Carvalho influenciou direta e indiretamente o surgimento de uma "intelectualidade" - as aspas são porque essa intelectualidade não passa de um embrião, uma promessa. Algumas pessoas já produzem um pouco, outras nem tanto, outras ainda nada. E algumas outras estão desnecessariamente preocupadas em negar que foram influenciadas por ele, ou que devem a ele muito do que aprenderam.

Pronto! Escrevi mais um texto que vai entrar para a lista das provas que me enquadram no mais famoso crime do momento: ser um fã de Olavo de Carvalho.
</Evandro> <!--11:24 AM-->

Quinta-feira, Junho 17, 2004

<Evandro> 

Sei que o que vou dizer é bem bombástico. Mas, como sei que tem mais gente por aí pensando assim, mas sem coragem de se manifestar, digo eu então, e que eu seja o saco de pancadas, ou não, sei lá. De resto, se o pessoal da "Internet liberal" for mesmo tolerante e defensor da liberdade de expressão como costuma se afirmar, não vai se importar de eu dizer umas verdades sobre eles e, ainda assim, continuar lendo-os de bom grado e aprendendo com eles sobre uma série de assuntos em que estou mergulhado em uma ignorância substancial!

Reaganomics é o tema. De um lado vejo um fulaninho bem inteligente sentando o pau em Reagan:

http://www.mises.org/fullstory.asp?control=1544

Do outro lado, os fulaninhos bem-intencionados-mas-não-raro-equivocados do Mídia sem Máscara endeusando o mesmo presidente.

Não sei, mas tenho a impressão de que a verdade está em algum lugar no meio das duas posições. Não vou com a cara nem da babação de ovo do MSM para com tudo que Bush e os republicanos fazem (embora eu a prefira, de longe, à babação dos esquerdistas com o Clinton); e nem vou com a cara tampouco da posição da galera do Lew Rockwell e do Mises.org, que gosta de dizer aos 4 ventos que a política externa dos EUA gera déficits e representa o crescimento do Leviatã, e que isso é o que importa acima de tudo. Tudo bem, Leviatã cresce. Mas não me parece que os comunistas e os radicais islâmicos estejam se lixando para o livre-mercado. Na verdade, parece que foi justamente a entrada do livre-mercado em "terras sagradas", aliado a uma espécie de revolução intelectual no islã, que provocou o fenômeno do fundamentalismo e do terrorismo. Parece que os misesianos acham que o free-market resolve tudo no final, mesmo diferenças profundas - e, segundo muitos, até essenciais - entre religiões gigantescas e milenares. Resumindo: o certo é aliar o livre mercado ao fim do terrorismo. Leviatã não cresce, logo o terrorismo e o mal no mundo acabam. Simples, né? É isso que os misesianos defendem. E o pessoal do MSM? Bem, eles são meio contraditórios. Eles defendem o livre-mercado, mas também defendem o militarismo de Bush, que gera gastos do Estado e o transforma em um gigante onipotente. Os misesianos são coerentes e o pessoal do MSM, incoerente? Talvez. Mas, para além das coerências e incoerências, estão as impossibilidades. Não me parece que o livre-mercado vai gerar a paz espontaneamente, nem me parece que a política externa dos EUA vai conseguir resolver todos os problemas do mundo, ainda mais porque o mundo não quer ver que está em apuros. Os EUA, ao que me parece, fazem o que podem, desesperadamente, para salvar 6 bilhões de cegos. E isso pode ser visto como uma beleza, uma maravilha sem ressalvas (é a visão do MSM) ou como o oposto, ou seja, a desgraça suprema, o império do Leviatã (misesianos). E eu fico aqui, mergulhado em minha ignorânciazinha, com a impressão de que a coisa toda é bem mais complexa, como sempre. E que nenhum dos dois lados tem a razão total, como sempre.

É claro que tudo que eu disse aqui sobre livre-mercado aplica-se apenas um panorama externo ao Brasil, já que, por aqui, nem se sabe o que é isso. Defender o livre-mercado aqui no Brasil é começar quase do zero. O mercado que os misesianos falam que não é livre, ou seja, o norte-americano, é um paraíso de liberdade se comparado ao Brasil. Os EUA, mesmo gastando milhões e milhões de dólares com segurança e militarismo, cobram muito menos impostos que o Brasil. Isso é só para complicar um pouco mais as coisas. E olha que eu nem falei das esquerdas! que são o problema principal, contra o qual o MSM, os misesianos e etc se unem, aos trancos e barrancos, na medida do possível.

Em que podemos ter esperanças, quando o assunto é o poder? Em nada. Apenas escolha o lado mais fraco e lute por ele. E, na hora de escolher, você ainda corre o risco de achar que o lado mais forte é que é o mais fraco, como acontece hoje no mundo. Continuo do lado mais fraco, que é justamente aquele que estou criticando neste momento. Mas isso não me impede de desabafar. Afinal, ninguém é de ferro.

Esquerdas, Islã, Leviatã. Bem-vindo ao mundo! E a solução? Bem, acho que quem estava certo era mesmo o Voegelin e o Platão: está todo mundo no metaxo (estarei eu também?), e que Deus nos proteja!
</Evandro> <!--12:01 AM-->

Sábado, Junho 12, 2004

<Evandro> 

Cada estilo de época literário inscreve sua contribuição em uma trama maior que ele: o legado cultural da humanidade, esta coisa abstrata e perene, cuja existência mesma virou moda negar. Nunca vi nenhum professor de literatura dizer isso. De minhas aulas de literatura na escola trago uma lembrança estranha, a de que, mais ou menos de século em século, os homens resolviam mudar de mania de escrever. Tinham a mania de escrever rebuscado, depois tiveram a mania de escrever coisas melosas, depois a mania de buscar romper com o passado em seus escritos etc etc. E o mais estranho: lutavam incansavelmente por essa mania, como se tivessem um estímulo mais forte que os tolos motivos que a mente moderna e esclarecida do professor demolia facilmente em poucos segundos.

Em outras palavras, eu nunca consegui entender o que realmente dava tanto estímulo aos artistas de cada época, que faziam até manifestos escritos para defender seus pontos de vista. Hoje vejo que talvez seja uma mistura de ideologia e humanitarismo. Por vezes os escritores tinham motivações mais universais, por vezes menos. Não sei. Mas, seja como for, os professores nunca sequer entraram no assunto. Preferiam empurrar aos alunos, como suposto conhecimento, a famosa ostentação moderna de esclarecimento e superioridade em relação às demais épocas, cujas mentalidades são sempre estudadas como curiosidades exóticas, tolices cronocêntricas ? típico do cronocentrismo dos nossos tempos.
</Evandro> <!--1:45 PM-->

Quinta-feira, Junho 03, 2004

<Evandro> 

Gilberto Gil e Milton Nascimento cantando o Hino Nacional. Deprimente. Um minuto de hino para os argentinos e 6 para os brasileiros. Isso é o que eu chamo de respeito pelo adversário...

O nacionalismo é um dos espetáculos mais tristes que existem. Mais deprimente, só mesmo o espetáculo do desenvolvimento.

Toda vez que vejo aquela logomarquinha do governo brasileiro, com aquelas letrinhas coloridas, felizes, multiculturais, tenho vontade de chorar. "Brasil, um país de todos". Por que será que tenho a impressão de que eu não me incluo nesse "todos"?
</Evandro> <!--1:02 AM-->

Terça-feira, Junho 01, 2004

<Evandro> 

Meu lado político anda anão.

A política é como o sexo: não tem meio-termo, embora muitos afirmem já ter conseguido colocar só a cabecinha.

Busquemos o meio-termo. Eu sou o meio-termo? Eu sou um homem esclarecido (e humilde!) que não lê jornais quase nunca. O paradoxo da modernidade. A exaustão da boa-vontade. "Até o talo, gata", dizia um apresentador de rádio. Adaptando: até o talo de tantas notícias ruins, até o talo de tanta velocidade, até o talo de tanta superficialidade, até o talo de tanta vazieza cerebral, até o talo de tanta falta de graça etc etc etc.

Queremos saber do governo? Queremos saber de literatura. Queremos saber do dólar? Meu sonho era nunca mexer com dinheiro. Nunca mais falar de números. Será esse o sonho dos esquerdistas? Sim! Eles querem ficar na fila do rolo de papel higiênico semanal e dos sapatos pretos bienais. Eles querem o plano qüinqüenal. Para nunca mais terem de contar moedas e notas.

I don't like it either. But no, thanks.

Eu escrevo esporadicamente para o MSM e quero o FSR (Ficção Sem Realidade), ou o MSP (Mundo Sem Política). Sonhar não custa. Quer dizer, custa sim. 10 real mais o dinheiro do buzão.
</Evandro> <!--8:36 PM-->

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