Agonizando
"O que, antigamente, foi fonte de júbilo e de lamento deve agora tornar-se fonte de reconhecimento".

[Jacob Burckhardt]

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Evandro sofre em São Paulo-SP
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Terça-feira, Janeiro 21, 2003

<Evandro> 

Não resisti. Tenho que repassar essa do Diego Casagrande:

"Durante os próximos dias em Porto Alegre, será proibido divergir do ditador Fidel Castro e de seu clone Hugo Chavez. Também será proibido defender a iniciativa privada, o capitalismo e Estados mais enxutos ao redor do mundo. Ter algum dinheiro nos bolsos então, será considerado uma ofensa. A ordem também é ficar ao lado de Saddam Hussein e Bin Laden, pelo simples fato de que eles ameaçam matar americanos e a nova ordem manda ser contra o imperialismo. Também devemos achar o máximo ser contra a globalização. Afinal de contas, antes de nos qualificarmos para enfrentá-la, precisamos entender que ela está aí é para fazer picadinho de nós, além de fornecer computadores, medicamentos, tecnologia, etc. Outra coisa que não se pode esquecer é de ser mais humano e preocupado com o semelhante, pois só o grupo reunido em Porto Alegre tem essas características. O resto são um bando de canalhas imorais e cruéis, que querem ver o semelhante pelas costas.

Por fim, para não ficar na contramão, o negócio é terminar concordando que nosso quase falido Estado torre R$ 2,2 milhões com um evento fechado, onde quem pensa diferente não tem vez. Isso porque o dinheiro dos nossos impostos não deve ser emprestado para empresas que vão gerar empregos e riqueza permanentes. Deve, isso sim, ser dado para auxiliar no combate à liberdade econômica e o empreendedorismo.

E para evitar polêmicas, não deixe de ser cordial. Abra as janelas de sua casa de manhã bem cedo e grite: Seja bem-vindo, querido Fórum Social Mundial."
</Evandro> <!--11:45 PM-->

<Evandro> 

O Jornal da Tarde de ontem (terça-feira) dizia: "Agora só mesmo Lula para acabar com a fome do Leão". Eu vejo esta manchete como uma ironia. Mas o brasileiro é um espécime raro, um ser que vive em um mundo estranho, onde os diversos elementos formadores da realidade não têm coerência entre si, ou pior, NÃO PODEM ter coerência, sob pena de se acordar de um sono bizarro, mas aliviante (ao menos para quem está dormindo). Nesse mundo, um sujeito qualquer (digamos, 70% da população) guarda grandes esperanças, ou até mesmo uma confiança, de que um governo de esquerda reduza impostos algum dia! A esses eu quero apenas avisar uma coisinha: quem reduz impostos é o Bush, viu? Ééé... Aquele mesmo malvado caipira texano, ignorante e belicoso... O Lula, maraviolhossssso, bonzinho, amiguinho, legal, vai usar todo o seu (se isso serve de consolo, o nosso; não chore, por favor!) dinheiro para dar comida aos pobres e se transformar em São Betinho II, o nosso santo, o nosso salvador, o nosso Dom Sebastião Frodo Nine Fingers (permesso, viu Alexandre!?).

Mas non vi preoccupate, a fome sempre volta, juntamente com a realidade nua e crua de que somente com o nosso (teu) suor é que podemos (podes) ganhar o nosso (teu) pão. A Neobíblia Boffiano-Betto-Esquerdista quer que o pão venha do suor dos outros. Mas, como os outros somos nós (nós=os outros dos outros! Oh...), parece que voltamos à estaca zero - vulgo Era Pré-Betinho!
</Evandro> <!--11:40 PM-->

Quinta-feira, Janeiro 16, 2003

<Evandro> 

Não me conformo com uma coisa. Tolkien não gostava que se tirassem lições de moral de seus livros. E, no entanto, cada parágrafo deles está cheio de lições de moral! Tudo bem, são lições refinadas e talvez então ele estivesse querendo dizer que não queria moralistas baratos usando sua obra como tábua de regras. Mas não me lembro de ele ter feito distinção entre moralistas baratos e filósofos morais refinados. Além disso, eu faço o que quiser com a obra dele, e ele, se quiser, que se levante da tumba para reclamar! Não posso deixar de comentar a passagem de "As duas torres" em que o rei diz algo como: "Como as coisas chegaram a este ponto?". Essa é uma frase que resume sutilmente todos os aspectos do processo histórico. Você não tem controle sobre ele e então ele vai-se desenvolvendo e ficando cada vez pior (por que nunca fica melhor? seria uma outra perguntinha pentelha...). E então você precisa tomar uma providência, mas a situação já chegou a um ponto que parece tornar inútil qualquer medida possível. Então você toma a medida (o Rei a tomou) e ela é ridícula. Ainda sobra uma esperança de que ela dê certo e é pra isso que serve o mito de Tolkien: para mostrar que o improvável pode dar certo. A diferença do mito para a realidade é que nesta o indivíduo acaba desistindo diante do improvável (mesmo se ele for a única opção de ação, o sujeito desiste e morre, ou outros morrem por causa dele). Lição (e Tolkien se sacode - revoltado - na tumba): para um fatalista, o improvável torna-se impossível. Parece pouco, mas isso é tudo. Diante do fato de que há 6 bilhões de pessoas no mundo, que outra qualificação se pode dar aos resultados de nossos atos individuais senão a de improváveis?! Diante disso, se formos fatalistas, não agimos.

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Sabe qual é o problema desse tipo de texto? Pode ser "usado para o mal". Sempre penso nisso quando escrevo: meu texto está servindo para algumas pessoas inteligentes e para outras pessoas idiotas. Quero dizer, e se um petelho ler o texto acima e disser: "realmente, não devemos ser fatalistas; ainda podemos impedir que os yankees nos dominem! Abaixo a ALCA! Viva o Lula! Fora FHC!". AAAAAARRRRGH!!! Será que não era melhor eu ficar calado?
</Evandro> <!--9:33 AM-->

Quarta-feira, Janeiro 15, 2003

<Evandro> 

Dêem uma passada lá pelo blog do Outonos de vez em quando. Prometo que vou atualizá-lo mais assiduamente! Ah, e não se preocupem. Lá vocês NÃO vão encontrar nada sobre cultura afro, exceto talvez sobre Machado de Assis (ou J.R.R. Tolkien, como bem disse o Alexandre).
</Evandro> <!--9:34 AM-->

Terça-feira, Janeiro 14, 2003

<Evandro> 

I have one or two things to say. A primeira delas é que estou-me sentindo muito honrado, muito mesmo, por estar lá dentro da emocionante retrospectiva da minha amiga Sue. Dito assim, até parece frio. Então vou dizer de outro jeito. Há pessoas que sabem reconhecer um amigo quando o vêem. Eu me considero uma delas. E a partir de hoje não tenho mais nenhuma sombra de dúvida de que você seja minha amiga, Sue! Quero dizer, já não me restava nenhuma dúvida e mesmo assim você vem me confirmar, só pra deixar bem claro, não é? Assim são os amigos. Você sabe que eles são amigos, mesmo assim eles continuam repetindo no seu ouvido "eu sou seu amigo, eu sou seu amigo", por meio de gestos e palavras várias!

Dito isso, eu quero deixar aqui a minha palavra de protesto. É um protesto erigido em cima de provas sutis e tênues - do tipo que não funcionaria em um tribunal. Mas como a vida não é um tribunal, mas sim um mar de sutilezas e nuanças, creio ter recolhido todas as provas necessárias e posso dizer o seguinte. Grande parte dos leitores de Outonos parecem me ver como uma espécie de "dono" ou "cabeça" do site. Eu seria o grande intelectual e a Sue seria apenas uma mulher sentimental que o habita.

Pronto! Eu disse. Se for verdade, bem (ou mal). Se não for, que me perdoem a inaptidão para interpretar sutilezas. E se for verdade, quero dizer mais uma coisa. Eu sou apenas um pós-pirralho, que ainda está "fedendo a cueiro", como diria minha mãe. A filosofia faz as pessoas parecerem importantes, não é mesmo? As coisas ditas de forma filosófica adquirem um ar de respeitabilidade. Pois eu digo o seguinte: não passei por um quinto das dificuldades por que minha amiga passou e não tenho um quinto da experiência de vida que ela tem. E por tudo isso é que eu não subestimo o jeito despretensioso que ela tem de escrever. Em cada linha que você escreve, Sue, transparece a sua simplicidade, que é a simplicidade da vida, que não precisa de filosofias. A filosofia é apenas uma maneira complexa de se recuperar a simplicidade perdida. Talvez seja por isso que as pessoas em geral não precisam de filosofia (ao menos as que não aderiram à politização esquerdista do cotidiano). Pois elas não perderam a simplicidade, portanto não precisam recuperá-la. E você caminha junto dessa simplicidade 24 horas por dia, minha amiga! Nós somos uma dupla lá no Outonos. O Outonos é o jardim onde floresce a nossa amizade e a de todas as pessoas que aparecem por lá, para ler ou escrever. E nossa parceria é que faz as coisas funcionarem. Eu traço uma teoria complexa e afetada e você joga rosas em cima dela, pintando-a com as cores do dia-a-dia, como quem diz "você está certo, mas vamos tomar um chazinho lá em casa". Sem você eu seria apenas um solitário pedante, "dono" de um site sério e pesado.

Ah, e eu ia falar de machismo, mas deixa pra lá. Recuso-me a acreditar em machismo virtual.

Enfim, obrigado por ser minha amiga e feliz aniversário (ainda que atrasado), minha co-editora Sue! E pensar que ainda nem nos encontramos... Que coisa que é a Internet...
</Evandro> <!--12:53 PM-->

Segunda-feira, Janeiro 13, 2003

<Evandro> 

Meu amigo Alexandre está cada dia mais impossível! Quando eu leio algo dele, sinto-me um praticante da arte de concordar. Sim! Concordar com ele é um sentimento como o amor: não é eterno, posto que chama, mas é infinito enquanto dura! Veja só:

"Já há tão poucas pessoas livrescas. As pessoas deviam ser ainda mais livrescas. Por mais que uma pessoa leia, devia ler mais e viver menos. Não há leitura que não seja interrompida pela vida, que é uma senhora desgrenhada que baba. Canos estouram no banheiro, cachorrinhos ficam com dor de barriga e têm que ser levados ao veterinário, e tias são estupradas e atropeladas justamente quando você está tentando ler a "Ética a Nicômaco"! É terrível!"
</Evandro> <!--12:00 PM-->

Sábado, Janeiro 11, 2003

<Evandro> 

Um campeonato de surf no Havaí foi adiado porque as ondas não atingiram o tamanho mínimo necessário, de 20 metros de altura!!

E um debate no Roda Viva foi cancelado porque o entrevistado não atingiu o nível de esquerdismo mínimo necessário, de 20 mL (mega Lulas). E uma passeata da CUT foi adiada porque o QI oscilante dos participantes estava baixo, não os permitindo controlar as faculdades motoras necessárias à locomoção pelo uso das pernas.

E o Brasil foi adiado porque um índice maior que 90% de seus habitantes não apresentou o mínimo de sensatez necessária à escolha do melhor presidente: nenhum.
</Evandro> <!--3:00 PM-->

Quinta-feira, Janeiro 09, 2003

<Evandro> 

Em tempo: denunciar o coletivismo contemporâneo é pessimismo, viu? E como já dizia o outdoor da Av. Nossa Senhora do Carmo, em Belo Horizonte, "Pense Positivo", seu merdinha...
</Evandro> <!--9:55 PM-->

<Evandro> 

O algoz mais eficaz é aquele cuja presença é tão forte que ofusca a si mesma.

Eu estava na praia com uns amigos (espero que eles não leiam isto, ou melhor, tomara que leiam!). Uma garota lia aquele livro de safadezas da Catherine M. Outros (sim! No plural!) liam uma coletânea de frases recém-lançada. Estas coletâneas de aforismos, por sinal, fazem um grande sucesso hoje em dia, justamente porque podem ser lidos em voz alta em qualquer lugar (devido à brevidade das sentenças) e compartilhados pela coletividade.

Depois desse exercício de coletivismo, um deles me pergunta: "E você? O que está lendo?".

Ao que prontamente respondo: Braz, Quincas e Cia.

"Sobre o que é?", quer saber. Perguntinha aliás absurdinha, de alcance infinito, como o vácuo de ignorância que quer romper como uma lança inútil e breve.

"Sobre o excesso de coletivismo hoje em dia", foi minha resposta traduzida em línguasimples, devidamente dumbed down.

E a resposta: "Sobre o excesso de coletivismo?" (tom de estranhamento, pois o "certo" - ou politicamente-correto - seria escrever sobre o excesso de individualismo).

Depois de minha resposta veio o silêncio e nada mais. Ou seria o co-silêncio?
</Evandro> <!--9:52 PM-->

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