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<Evandro> "Odeio mulheres moderninhas. No fundo, todas querem um Macho de verdade. E não me venham com churumelas."
Ótimo, né?! E mais isso, sobre o Brasil: "Se tivesse dinheiro para ir embora, não pensava duas vezes. Como não tenho, amo-o".
Leiam mais o Sidney! Faz bem!
</Evandro> <!--11:26 PM-->
<Evandro> Coerência filosófica é coisa para poucos. Eu, por exemplo, dificilmente tenho. Para verificar a incoerência, por exemplo, de ser multiculturalista e pacifista, basta dizer o seguinte: se julgar os povos por suas práticas culturais é indevido, então não se pode pregar o pacifismo, pois isso seria opressão cultural para com os povos belicosos. Levando-se a idéia ainda mais longe, pode-se dizer que qualquer forma de direito internacional, qualquer critério de julgamento das nações por seus atos é incoerente com o multiculturalismo. </Evandro> <!--8:49 PM-->
<Evandro>
Estou em Brasília. E sabe o que diz a manchete do jornal aqui hoje? "País está mais próximo do desarmamento". Isso é que é imparcialidade! Já tenho um nome para o que o jornalista brasileiro chama de imparcialidade: objetividade irônica. A arte de dizer a verdade e doutrinar ao mesmo tempo. Quem pode negar que o país, agora, está mais próximo do desarmamento? Mas, ao mesmo tempo, a mesagem subliminar é: nossa tarefa ainda não terminou, viu, cidadão? O país está "mais próximo" do objetivo, mas ainda não chegou lá!
A hipocrisia brasileira às vezes me dá vontade de vomitar.
E a adolescentezinha "indignada", de braços cruzados? Só tenho um comentário a fazer: putz...
</Evandro> <!--10:34 AM-->
<Evandro> "(...) pensar é, queira-se ou não, exagerar. Quem prefere não exagerar tem que se calar; mais ainda: tem que paralisar seu intelecto e encontrar um modo de se imbecilizar."
Esse trecho de "A Rebeliãõ das Massas", de Ortega y Gasset, me faz pensar em teses acadêmicas, textos de xerox de faculdade e mais outras dezenas daqueles textos em que o autor faz mil ressalvas, rodeios e malabarismos de comedimento, para supostamente respeitar uma tal "pluralidade de opiniões", ente abstrato que eu, sinceramente, nunca vi passar aqui pelo Brasil.
Sabe o que eu quero que aconteça com o comedimento argumentativo? com as ressalvas do tipo "sem querer fazer juízo de valor, mas..."? e com as paradas para lembrar que "há controvérsias quanto a esse ponto"? Quero que tudo isso se f***!
[já estou ouvindo cães ferozes e verborrágicos dizendo: "ai, mas que pessoa mais odienta"; ou "é preciso que se crie uma cultura de paz nesse país, acabar com toda essa violência"]
</Evandro> <!--10:26 AM-->
<Evandro> Desculpe-me a preguiça, Flammarion! Seu banner já devia estar por aqui há muito tempo! Agora está! </Evandro> <!--9:16 AM-->
<Evandro> Alguém aí acha possível convencer seus amigos de que a quebra da bolsa de Nova Iorque foi culpa, em grande parte, do intervencionismo do governo americano? Alguém aí acha que é capaz de fazer seus amigos acreditarem que Roosevelt era um bobão e que a crise dos anos 30 não teria nem existido se não fossem as bobagens praticadas pelo governo americano para supostamente acabar com ela? Eu não sou capaz disso, mas já li isto aqui e estou pensando em ler mais isto aqui. Acho que é um bom começo! Ah, e vale conferir o prefácio de Paul Johnson para o livro. Sensacional! Desculpem-me o excesso de referências em inglês. É que aqui no Brasil não tenho encontrado mesmo nada mais interessante do que críticas conjunturais ao governo Lula e a mesma baboseira intelectuária de sempre. Vida intelectual, estudos aprofundados, tsc tsc. Apenas manifestos esquerdistas e queixumes anti-comunistas. Não queria ser chato, mas está difícil de acreditar que uma nova intelectualidade liberal esteja nascendo. Só vejo gente praguejando pra lá e pra cá (com raras e louváveis exceções). Tá bom, eu não posso falar muita coisa, afinal não sou nenhum filósofo profundo. Mas confesso que já me cansei de ouvir direitices, quase tanto quanto esquerdices. Estou naquela fase do “tenha paciência”, “já vai melhorar”. E só consigo continuar esperando porque sei inglês. </Evandro> <!--12:07 AM-->
<Evandro> Martin Wolf, rebatendo as críticas contra o capitalismo em um artigo sensacional, cita de passagem o curioso livro de Naomi Klein (colunista do Guardian), “No Logo: Taking Aim at the Brand Bullies”. “Brand bullies”, se tivesse tradução, seria algo como “gerentes de marca opressores”; a tradução em português do livro—que, não surpreendentemente, já existe—é “Sem logo: a tirania das marcas em um planeta vendido”. O comentário de Martin Wolf:
“In her book (...) acclaimed anti-globalisation campaigner Naomi Klein lapses into paranoia and delusion when she writes of ‘corporate space as a fascist state where we all salute the logo and have little opportunity for criticism because our newspapers, television stations, internet servers, streets and retail spaces are all controlled by multinational corporate interests’.”
E continua (negrito meu):
“(...) far from stifling democracy, as Klein and her cohorts contend, the market economy manufactures political dissent with unparallelled efficiency (...). Indeed, for all her jeremiads against capitalism, multinationals and global brands, Klein appears to have done quite well by the market economy. Under no other system could her book have become such an international sensation. Her complaints about media conglomeration ring somewhat hollow considering what a media darling she has become. It could even be said that No Logo is now a brand of its own.”
Para ter uma idéia do quanto a mídia gosta dos arautos do anti-capitalismo, basta usar o Google. Naomi Klein tem 444 mil ocorrências e Ludwig von Mises, o guru dos malvados neoliberais (supostos donos do mundo), autor de dezenas de livros e centenas de textos, tem 78 mil. Seus livros traduzidos no Brasil foram editados pelo obscuro e esquecido Instituto Liberal, e são raramente encontrados em sebos ou na minúscula sede do instituto. Enquanto isso, os do tipo da citada autora são editados por editoras enormes e distribuídos fartamente por todo o território brasileiro.
</Evandro> <!--11:37 PM-->
<Evandro>
Tivemos – eu e a Henriqueta - um fim de semana muito agradável. Em outras palavras, foi muito bom mesmo! A Sue veio nos visitar, e nós fomos ver repolhas no Parque Villa-Lobos. A-rá! Você não sabe o que são repolhas? Então é porque não leu o post de 25 de abril de 2003 (onde você estava neste dia, que não leu meu blog?! hein? hein?). Vou dar um desconto e repetir aqui a definição: “cães fofos do sexo feminino, dotados de uma pelagem MUITO abastada, que lembra um repolho de pelúcia (if there is such thing)”.
Pois bem. Depois que vimos as repolhas, fomos à Livraria Cultura, onde eu comprei a aula 7 do curso de História Essencial da Filosofia, de autoria de João de Matildes, ops, quero dizer, de Olavo de Carvalho. No dia seguinte, fizemos um almoço no salão de festas, com direito a penne e filezinhos mignon! Dia de vacas gordas.
À noite, os nossos gloriosos amigos Fabio (com sua namorada Milene) e Alexandre vieram nos visitar. Tivemos uma loooonga conversa, ao som de música celta antiga (aqui ouço gritos de desdém anti-aristocráticos!) e depois Chet Baker. Pedimos uma pizza e pronto, acabou! Tá, não foi só isso. Mas é que eu não tenho vocação para blogueiro convencional, que fica narrando a vida inteira para os outros lerem.
Os bons momentos duram pouco, não é mesmo? Mas outros virão. E espero que neles esteja presente o meu outro grande amigo Sidney Vida, que não compareceu desta vez (viu, Sidney?).
Queria deixar aqui o meu abraço a vocês quatro (Sue, Fabio, Milene e Alexandre). Adoro vocês de coração. E, para terminar, deixo aqui “the main conclusion” da nossa conversa: “direitista” é tudo pobre; só usa copo de requeijão e não tem nem prato suficiente para todas as visitas.
</Evandro> <!--9:34 PM-->
<Evandro> Em homenagem ao Fábio:
"O inferno está vazio, e os demônios estão todos aqui". (Shakespeare, A Tempestade)
</Evandro> <!--11:50 AM-->
<Evandro> A verdade está lá fora
A verdade é cruel. Há coisas que eu, por exemplo, nunca achei que iria descobrir e falar. As coisas que você pensa e acha dão reviravoltas absurdas ao longo da vida; e a maior, talvez a única qualidade pessoal que realmente importa é ser maleável, flexível, aceitar que, de repente, sem mais nem menos, você pode descobrir que estava redondamente enganado. Para ilustrar isso, "elaborei" uma frase cruel, em todos os sentidos. É o seguinte: o Arnold Schwarzeneger é MUITO mais inteligente que o presidente do Brasil!
Muito mais chocante que o simples fato enunciado na afirmativa (que em si já é chocante) é um outro subjacente: o de que aquela pessoa que eu sempre vi como um brutamontes ignorante, incapaz de articular frases inteligentes, quase um chimpanzé, é formado em Economia e Administração de Empresas, administra negócios de modo eficiente (coisa que MUITA gente culta é incapaz de fazer), e já leu Adam Smith e Milton Friedman.
Não sei se o governo dele vai ser bom. As chances são médias. Mas a simples constatação de que ele é (ou se tornou ao longo do tempo) "outra coisa completamente diferente" do que eu achava já é, em si, impressionante. E mais impressionante ainda é que, na verdade, não deveria ser impressionante!
</Evandro> <!--3:20 PM-->
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